Rio Branco, 19 de junho de 2025.

Sem Fronteira

Manifestantes evitam confronto após acordo com forças federais e BR-317 tem liberações de hora em hora

A manifestação contra as ações da Operação Suçuarana, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), voltou a ganhar força nesta sexta-feira, 13, com o retorno do bloqueio intermitente da BR-317, na altura do entroncamento com a Estrada da Borracha (AC-485). A medida ocorre após uma semana marcada por protestos e tensões crescentes na região da Reserva Extrativista Chico Mendes, especialmente na área conhecida como Região da Maloca.

Policiais da Força Nacional foram até o local da manifestação: Foto cedida

No início da manhã, manifestantes, entre eles mulheres, idosos e crianças, voltaram a se concentrar a poucos metros do posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF). O clima chegou a ser de apreensão com a chegada de agentes da Força Nacional de Segurança Pública e da Polícia Federal, que incluía equipes do grupo de choque. Segundo apuração, havia autorização para o uso de força em caso de necessidade, mas um acordo negociado no local evitou o confronto.

“Graças a Deus houve um acordo e não houve esse confronto. Tinha mulheres, idosas, crianças, né?”, afirmou o jornalista Alexandre Lima, do jornal O Alto Acre, de Brasiléia, que acompanhou as tratativas entre manifestantes e as forças de segurança.

Rodovia funciona em sistema de bloqueio rotativo

O novo entendimento entre as partes prevê um sistema de bloqueio rotativo da BR-317. A via será interrompida por uma hora e, em seguida, liberada por período semelhante, num esquema que se repetirá ao longo do dia. Algumas lideranças chegaram a sugerir a ampliação do tempo de interdição para duas ou até três horas, mas a PRF reforçou que o revezamento de uma hora será mantido, conforme acordo firmado.

A operação tem sido acompanhada de perto por patrulheiros da PRF e por representantes da Polícia Militar, além de vereadores do município de Xapuri, que atuaram como mediadores, contribuindo para o avanço das negociações e a manutenção da ordem no local.

Manifestantes exigem diálogo sobre impactos da operação

Manifestantes prometem manter bloqueio até uma solução para o impasse: Foto cedida

O estopim para a nova onda de mobilizações foi a informação de que gado apreendido na operação começaria a ser retirado de uma das propriedades da Maloca, motivando o retorno do bloqueio no último fim de semana. Desta vez, no entanto, os manifestantes direcionam o protesto para um pedido formal de negociação com representantes do ICMBio e demais autoridades federais, visando discutir os impactos da operação.

Conflito se arrasta, solução definitiva segue indefinida

A Região da Maloca, que se estende entre os municípios de Xapuri e Epitaciolândia, é há anos foco de conflitos fundiários e disputas em torno da legalidade das ocupações e da expansão da pecuária. O ICMBio mantém que as ações da Operação Suçuarana estão dentro da legalidade, respaldadas no plano de manejo da reserva, que veda a prática de pecuária extensiva e o desmatamento em áreas protegidas.

Por outro lado, os manifestantes alegam ocupações antigas, algumas anteriores à criação da reserva em 1990, e cobram a regularização fundiária e alternativas viáveis de subsistência, já que muitas famílias vivem exclusivamente das atividades agropecuárias realizadas na região.

As tratativas permanecem em andamento. O protesto, que completou uma semana, ainda não tem prazo para encerrar. Enquanto isso, a BR-317 segue funcionando sob monitoramento constante e liberação alternada, enquanto lideranças locais buscam mediação institucional para uma solução pacífica e definitiva para o impasse.

Compartilhe em suas redes

Contem Vida