Mileny Andrade (estagiária), sob supervisão de Leônidas Badaró
Servidores da Emater, da Secretaria de Agricultura e da Cageacre se reuniram nesta quarta-feira, 27, na sede da Emater, em um ato em memória de Ivanilde Souza da Silva, servidora que trabalhava na equipe do órgão e foi vítima de feminicídio nesta terça-feira, 26. O evento, marcado por dor e emoção, contou com um minuto de silêncio e momentos de grande comoção, além de reunir colegas e representantes de movimentos sociais que lutam contra a violência à mulher.
Ivanilde deixa dois filhos, um deles atua como menor aprendiz na Cageacre. A data do ato coincidiu com o aniversário da vítima, tornando a homenagem ainda mais simbólica para os colegas.

O crime que tirou a vida de Ivanilde ocorreu na residência da vítima, no bairro Belo Jardim I, em Rio Branco. Segundo informações das autoridades, o principal suspeito é seu marido, Jerberson do Nascimento Soares, de 26 anos, que fugiu após o ataque. Ivanilde foi atingida com golpes de tábua de carne na cabeça, resultando em traumatismo craniano grave e morte imediata. Familiares e vizinhos encontraram o corpo cerca de quatro horas depois, e o SAMU apenas constatou o óbito. O caso está sendo investigado pela Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM).
O evento, organizado por servidores com apoio do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher, teve como objetivo reforçar o repúdio à violência doméstica e ao feminicídio, especialmente em um mês dedicado ao Agosto Lilás, campanha de conscientização sobre a violência contra mulheres.

Durante a manifestação, Letícia Pessoa, engenheira agrônoma da Emater, destacou a gravidade da situação: “É uma tristeza muito grande que nos pegou hoje pela manhã. A gente só clama por justiça, por proteção, por apoio. A gente só quer isso”.
Um dos momentos mais emocionantes do ato foi a recitação de uma poesia entitulada “A Tábua que Calou Ivanilde”, feita por uma servidora da Emater. O poema, carregado de emoção e simbolismo, representou a dor coletiva e reforçou o clamor por justiça e proteção às mulheres.
Os participantes reforçaram que a mobilização vai além do luto, servindo como alerta à sociedade sobre a urgência de ações preventivas. “Estamos de mãos dadas contra a violência. Não podemos admitir mais esse tipo de tragédia. Cada um de nós tem a responsabilidade de transformar dor em mudança”, afirmou uma das servidoras.
A servidora Vera Gurgel, da Emater, ressaltou o papel da sociedade civil e das instituições na prevenção da violência: “As mulheres pedem socorro todos os dias, muitas vezes sem dizer uma palavra. Precisamos ouvir, apoiar e agir. A educação e a conscientização são nossas melhores ferramentas para mudar essa realidade”.

Tatiana Karla, presidente da Associação das Mulheres Juristas, também esteve presente e destacou a importância da união de diferentes setores da sociedade para enfrentar o machismo e a violência doméstica. “Estar aqui é mostrar que não podemos fechar os olhos para o sofrimento das mulheres”, disse.
Colegas de trabalho destacaram ainda a necessidade de proteger as crianças envolvidas e apoiar a família neste momento difícil. “Nos colocamos à disposição para apoiar o que for necessário. Precisamos que Estado e sociedade deem as mãos para que tragédias como esta não se repitam”, afirmou um representante do grupo de servidores.
O ato contou com elementos simbólicos, como cruzes e lacinhos lilás e preto, representando o luto e a luta contra a violência. O gesto reforça que a memória de Ivanilde será marcada não apenas pela dor, mas também pela união e mobilização de colegas, amigos e da sociedade civil.
Ao final, os participantes reforçaram o compromisso de continuar atuando na prevenção e no combate à violência contra mulheres, ressaltando que denunciar e apoiar é fundamental para salvar vidas. A mensagem final do ato foi clara: a dor da perda deve se transformar em força para combater o machismo e a violência, garantindo um futuro mais seguro para mulheres e crianças no Acre.